Passar para o conteúdo principal
Abstract

A presente análise anual dos salários mínimos de 2024 apresenta uma sinopse da fixação de salários mínimos durante 2023 na UE27 e na Noruega, explicando pormenorizadamente os processos e resultados da fixação das taxas salariais mínimas para 2024 e anos seguintes. Investiga em que medida os trabalhadores com o salário mínimo foram afetados pela crise do custo de vida e mostra como estes se distribuem pelos agregados familiares em toda a distribuição dos rendimentos. O relatório também aborda os critérios que os organismos de fixação do salário mínimo consideraram na definição das novas taxas para 2024 e em que medida estes critérios já incluem os elementos mínimos mencionados no artigo 5.º da diretiva da UE relativa a salários mínimos. Fornece algumas perspetivas iniciais sobre as atividades dos Estados-Membros em torno da transposição da diretiva, que se encontrava em mutação aquando da elaboração do relatório. Por último, o relatório fica completo com uma panorâmica da mais recente investigação sobre o salário mínimo relacionada com a UE27 e a Noruega.

Key messages

  • Os salários mínimos em termos reais aumentaram em quase todos os países da UE entre 2021 e 2024. As taxas salariais mínimas nacionais para 2024 foram substancialmente aumentadas, resultando no aumento dos salários mínimos em termos reais na maioria dos países. Este aumento, em função da medida utilizada para calcular a inflação, inverteu as perdas de poder de compra que os trabalhadores com o salário mínimo sofreram entre 2021 e 2023 em muitos países.
     
  • Nos países sem salário mínimo nacional, registaram-se menos casos de aumentos reais dos salários mínimos acordados coletivamente numa amostra de empregos pouco remunerados entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, o que vem salientar que nem todas as perdas de poder de compra que se seguiram ao início da pandemia de COVID-19 foram recuperadas.
     
  • Em 2022, quase um quarto (23 %) dos trabalhadores com o salário mínimo declararam ter dificuldades em fazer face às despesas, em média, nos Estados-Membros da UE, mais 10 pontos percentuais do que no caso de outros trabalhadores. Os resultados também revelam que 10 % dos trabalhadores da UE com o salário mínimo comunicaram dificuldades em manter as casas adequadamente aquecidas, em comparação com 6 % dos outros trabalhadores.
     
  • Continua a prática de associar os salários mínimos a uma percentagem dos salários médios ou medianos, tal como sugerido na Diretiva relativa ao salário mínimo, com um número crescente de países da UE a adotar esta prática. Contribuiu isto para o grande aumento dos salários mínimos nacionais em 2024. No entanto, foi dada menos atenção a outros critérios, tais como considerações sobre a adequação das taxas em termos absolutos para garantir um nível de vida decente.
     
  • As taxas de inflação foram o critério mais comum para a fixação das taxas salariais mínimas nacionais de 2024 na UE. Entre os critérios menos frequentemente considerados contam-se o desenvolvimento do produto interno bruto e o desemprego, os níveis de emprego ou de produtividade laboral e/ou desenvolvimentos.
     

Executive summary

Os salários mínimos protegem os trabalhadores de salários baixos injustificados e asseguram condições de concorrência equitativas para as empresas. Todos os Estados-Membros da UE e a Noruega têm salários mínimos em vigor, embora de formas diferentes. Entre os 27 Estados-Membros, 22 têm um salário mínimo nacional, com uma (ou por vezes mais do que uma) taxa que estabelece um patamar salarial básico. Além disso, são utilizadas convenções coletivas para regular melhor os salários, que, normalmente, fixam taxas superiores ao salário mínimo nacional. Nos restantes cinco Estados-Membros e na Noruega, os salários mínimos são fixados em convenções coletivas a nível setorial, que incluem uma elevada cobertura dos trabalhadores nestes países. A versão de 2024 desta análise anual apresenta uma atualização da evolução do salário mínimo, especifica a forma como as taxas foram fixadas e quais os critérios utilizados no seu ajustamento e traça a influência das políticas a nível da UE na fixação do salário mínimo.

 

Contexto político

Os governos nacionais e — em função das tradições e práticas nacionais — os parceiros sociais continuam a ser os principais atores responsáveis pela regulação dos salários e das remunerações. A diretiva da UE relativa a salários mínimos, aprovada em outubro de 2022, visa melhorar os padrões de vida com vista a alcançar uma convergência ascendente e reduzir a pobreza no trabalho, as desigualdades salariais e as disparidades salariais entre homens e mulheres. Visa estabelecer um quadro para a fixação de níveis adequados de salários mínimos e garantir o acesso dos trabalhadores à proteção do salário mínimo, no âmbito do qual os intervenientes nacionais mantêm a prerrogativa na escolha das modalidades de fixação e aplicação dos salários, bem como na fixação dos níveis dos salários mínimos. Os Estados-Membros terão de transpor a diretiva para o direito nacional até novembro de 2024 e, no momento da redação, em muitos países, foram avaliadas e preparadas alterações legislativas e outras ações necessárias.

 

Principais conclusões

  • As taxas do salário mínimo nacional para 2024 foram substancialmente aumentadas, levando, em função da medida utilizada para calcular a inflação, ao aumento dos salários mínimos em termos reais na maioria dos países. As perdas de poder de compra sofridas pelos trabalhadores com o salário mínimo entre 2021 e 2023 em muitos países foram, assim, invertidas, com os salários mínimos em termos reais a aumentarem em quase todos os países entre 2020 e 2024.
     
  • Nos países sem salários mínimos nacionais, houve menos casos de aumentos reais nas últimas rondas de negociações (numa amostra de empregos pouco remunerados) e nem todas as perdas de poder de compra ocorridas desde o início da pandemia de COVID-19 foram recuperadas.
     
  • Entre todos os trabalhadores com o salário mínimo, 23 % referiram dificuldades em fazer face às despesas em 2022, em média, nos Estados-Membros da UE, o que é 10 pontos percentuais mais elevado do que para os outros trabalhadores. Além disso, 10 % dos trabalhadores com o salário mínimo na UE comunicaram dificuldades em manter as casas adequadamente aquecidas (em comparação com 6 % dos outros). As diferenças entre os países são notórias, estando os trabalhadores com o salário mínimo na Grécia à cabeça da lista dos que têm dificuldades em fazer face às despesas, com 80 %.
     
  • Os trabalhadores com o salário mínimo estão relativamente repartidos por toda a distribuição do rendimento disponível das famílias: cerca de dois terços dos trabalhadores com o salário mínimo vivem em agregados familiares pertencentes à parte média a inferior da distribuição do rendimento, mas estão sub-representados entre os agregados familiares mais pobres no decil de rendimento inferior.
     
  • É possível tentar perceber a adequação dos salários mínimos, analisando a compressão financeira sentida pelos trabalhadores com o salário mínimo que viviam em agregados familiares unipessoais em 2022. Estes trabalhadores com o salário mínimo têm maior probabilidade de ter dificuldades em fazer face às despesas do que os seus correspondentes com salários mais elevados em quase todos os países: 28 % enfrentam este tipo de dificuldades, em comparação com 14 %, em média, em todos os países. A extensão dessas dificuldades varia muito entre os países, estando aparentemente bastante relacionada com os níveis gerais de desenvolvimento económico (captados pelos níveis médios de rendimento).
     
  • A ligação dos salários mínimos a determinadas percentagens dos salários médios ou medianos, tal como sugerido na diretiva, continua, com um número crescente de países a adotar esta prática.
     
  • A utilização destes valores de referência contribuiu certamente para os grandes aumentos registados em 2024. No entanto, embora estes processos de atualização estrutural estejam a ser implementados em vários países, foi dada menos atenção a outros critérios em 2023 aquando da fixação das taxas para 2024. Em especial, não foram generalizadas as considerações sobre a adequação das taxas em termos absolutos para proporcionar um nível de vida digno.
     
  • As taxas de inflação foram o critério mais frequentemente considerado para a fixação das taxas do salário mínimo nacional para 2024, utilizado em 14 países, seguido de um vasto leque de critérios específicos de cada país em 10 países, enquanto 8 Estados-Membros com salários mínimos nacionais utilizaram alguma forma de valores-alvo para as taxas em relação aos salários. Foram consideradas com menor frequência algumas outras formas de critérios relacionados com o nível salarial ou com o desenvolvimento: a evolução do produto interno bruto e do desemprego (6 países em cada caso), os níveis de produtividade do trabalho e/ou a evolução (5 países) e o emprego (4 países).

Indicadores para políticas

  • Embora um número crescente de Estados-Membros esteja a empenhar-se em melhorar os salários mínimos em relação aos salários médios ou medianos, aumentando assim a dimensão de «equidade», é importante refletir mais aprofundadamente e analisar se tais medidas asseguram um «nível de vida digno» enquanto dimensão adicional na avaliação da adequação.
     
  • Os aspetos técnicos da atualização dos salários mínimos para uma determinada percentagem do salário médio ou mediano são relativamente simples, o que faz dessa atualização um primeiro passo pragmático para aumentar os salários mínimos e melhorar a equidade. É mais complexo analisar e garantir a sua adequação, tendo igualmente em conta o custo de vida absoluto o Estado-Membro, com base, por exemplo, num cabaz de consumo típico de trabalhadores com baixos salários, e a evolução da produtividade do trabalho a longo prazo. Os responsáveis pela fixação dos salários a nível nacional, incluindo os governos, os parceiros sociais e os comités de peritos, são livres de discutir a abordagem mais adequada para o contexto do seu país, no que diz respeito ao que pode ser considerado adequado e se ainda precisa de ser alcançado.
     

The report contains the following lists of tables and figures.

List of tables

  • Table 1: Gross nominal national minimum wages, 22 EU Member States, 2023 and 2024
  • Table 2: Sub-minimum rates for selected EU Member States as of January 2024
  • Table 3: Higher minimum rates for selected EU Member States as of January 2024
  • Table 4: Changes to minimum regulations in 2023, by country
  • Table 5: Overview of largely formula-/rule-based approaches with exactly defined variables and rules when deciding on the update of the national minimum wage rates in 2024, by country
  • Table 6: Overview of countries that adhered to reference values vis-à-vis average or median wages when deciding on the update of the national minimum wage rates in 2024, by country
  • Table 7: Overview of countries that adhered to loosely defined criteria when deciding on the update of the national minimum wage rates in 2024, by country
  • Table 8: Overview of general tripartite bodies involved in minimum wage setting in the EU Member States with national minimum wages, and proposed designation as consultative bodies as per the directive
  • Table 9: Overview of expert groups and low pay and minimum wage commissions that could be designated as consultative bodies as per the directive
  • Table 10: Overview of concrete regulatory measures to promote collective bargaining
  • Table 11: Preliminary ideas on how collective bargaining can be promoted
  • Table 12: Overview of the latest research on minimum wages in the EU
  • Table A1: Overview of regulations determining the 2024 rate(s) in countries with national minimum wages
  • Table A2: Overview of criteria used for determining the change in the national minimum wage rates for 2024
  • Table A3: Monthly minimum wages in collective agreements for 10 low-paid jobs, in nominal terms, national currency, 1 January 2023 and 1 January 2024
  • Table A4: Change in monthly minimum wages in collective agreements for 10 low-paid jobs, in nominal terms, 1 January 2023 to 1 January 2024 (%)
  • Table A5: National correspondents who contributed to the report

List of figures

  • Figure 1: Notable disparities between countries in gross hourly national minimum wages, 22 EU Member States, nominal terms, January 2024 (€)
  • Figure 2: Generalised gains in purchasing power among minimum wage earners (rate of change in gross national minimum wages in real terms, 22 EU Member States, January 2023 to January 2024 (%))
  • Figure 3: Minimum wage earners have gained purchasing power since the onset of the pandemic (evolution of gross national minimum wages in real terms, 22 EU Member States, 2020–2024)
  • Figure 4: Collectively agreed average and median monthly wages in 10 low-paid jobs, January 2024 (€)
  • Figure 5: Change in average monthly minimum wages set in collective agreements for 10 low-paid jobs, in nominal and real terms, 1 January 2023 to 1 January 2024 (%)
  • Figure 6: Annual monthly rate of inflation change, all items on the Harmonised Index of Consumer Prices, January 2019 –January 2024 (%)
  • Figure 7: Net monthly minimum wage, personal income tax (PIT) and employee social insurance contributions (SICs) for a single minimum wage earner, EU27, 2023 (€)
  • Figure 8: Net and gross minimum wage changes from 1 June 2022 to 1 June 2023 (%)
  • Figure 9: Average personal income tax (PIT), employee social insurance contributions (SICs) and social benefits as a percentage of the gross minimum wage for a single person, EU27, 2023 (%)
  • Figure 10: Share of employees living in different types of household, cross-country average for 2022 (%)
  • Figure 11: Minimum wage earners face more difficulties in making ends meet (share of people reporting such difficulties in single-person households), EU27, 2022 (%)
  • Figure 12: Growing difficulties in making ends meet among minimum wage earners (share of people reporting difficulties in making ends meet), EU27, 2021–2022 (%)
  • Figure 13: Growing difficulties in keeping the house warm among minimum wage earners (share of people reporting being unable to warm their house), EU27, 2021–2022 (%)
  • Figure 14: Minimum wage earners are not prevalent among the poorest households, 2022 (%)
  • Figure 15: Distribution of minimum wage earners over the income distribution, 2022 (%)
  • Figure 16: Overview of the process of minimum wage setting for 2024
  • Figure 17: Overview of approaches applied during 2023 in considering criteria for uprating minimum wage rates in 2024, EU27 and Norway
  • Figure 18: Criteria referred to in the setting of national minimum wage rates for 2024 (number of countries that reportedly considered each criterion)
  • Figure 19: Overview of consultative bodies and committees involved in minimum wage setting
  • Figure 20: Collective bargaining coverage rates in the EU Member States and Norway, latest available data, various years
  • Figure A1: Share of people working (employees) per income decile across countries (2022)
  • Figure A2: Comparison of developments of negotiated pay in countries without a national minimum wage using three methodologies (%)
  • Figure A3: Comparison of levels of negotiated pay in countries without a national minimum wage using two methodologies and datasets (national currency)
Number of pages
94
Reference nº
EF24017
ISBN
978-92-897-2406-7
Catalogue nº
TJ-AS-24-085-EN-N
DOI
10.2806/643382
Permalink

Cite this publication

Disclaimer

When freely submitting your request, you are consenting Eurofound in handling your personal data to reply to you. Your request will be handled in accordance with the provisions of Regulation (EU) 2018/1725 of the European Parliament and of the Council of 23 October 2018 on the protection of natural persons with regard to the processing of personal data by the Union institutions, bodies, offices and agencies and on the free movement of such data. More information, please read the Data Protection Notice.